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Sigmund Freud, criador da psicanálise, foi um neurologista vienense que, no final do século XIX, a partir do seu encontro com renomados médicos que se ocupavam da histeria, revolucionou a teoria e o método de tratamento do sofrimento psíquico. Freud pôs as histéricas para falarem e não para serem vistas e as escutou. O que ele encontrou ali era o modo como, naquele laço social obsessivo e de controle sobre o corpo, elas faziam sintoma justamente não controlando seus corpos que, apesar de não terem nenhum dano neurológico, paralisavam. No século seguinte, na França, Jacques Lacan relê Freud a partir das ferramentas de sua época: estruturalismo, semiótica, surrealismo, topologia e outros. Ele sublinha a radicalidade da enunciação de Freud de que 'não somos senhores na nossa própria casa', destacando a excentricidade do sujeito em relação a sua consciência.

​Para nós, que seguimos o ensino de Freud e Lacan, a formação analítica se dá numa trajetória singular baseada num tripé em que a análise pessoal ocupa um lugar central, seguido do estudo teórico e da supervisão da prática clínica com um analista experiente e de sua confiança.

​As possibilidades de escuta desde a psicanálise se dão onde o discurso do analista pode se instalar: na saúde, na educação, na assistência, no consultório. 

​Como nos diz Freud, a voz do inconsciente é sutil, mas ela não descansa até ser ouvida. Por isso sua assertiva "Volte seus olhos para dentro, contemple suas próprias profundezas, aprenda primeiro a conhecer-se! Então compreenderá por que está destinado a ficar doente e, talvez, evite adoecer no futuro." Entretanto, como sabemos, o novo sempre desperta perplexidade e resistência. Afinal, não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais, somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos, sem querer.

Assim, o que esperar de uma análise?

​Que cada um possa se apoiar sobre o que é como objeção ao saber, que se faça "autor" e possa, a partir do encontro com o outro renovar sua aposta no viver junto. Em outras palavras, que não renuncie a contribuir para a criação de um laço social que possa incluir a diferença, sobretudo, quando é ela que nos torna radicalmente humanos.